2019 – Chegando
Finalmente estamos chegando ao fim de 2018.
Se arrastando, rolando, caindo e levantando com altos e baixos chegamos ao fim, mas o melhor de todo ano foi restabelecer a esperança de um novo começar.
De repente me dei conta que vem sendo assim na minha vida e do Brasil nos anos que o final é “8”.
Vejam só:
Tudo começou no distante ano de 1958. Muito criança, num domingo como todos outros fui jogar futebol longe de casa no campo do “adversário” e na volta (a pé) subindo a ladeira que ligava o Sacomã (inicio da Via Anchieta) ao Ipiranga (minha casa) ouvi junto com amigos alguns rojões e nos demos conta do jogo da final da Copa do Mundo. Chegando em casa todos colados no rádio e torcendo muito e ouvimos o Brasil ser pela primeira vez Campeão do Mundo ganhando de 5×2 da Suécia.
O Brasil mudava de patamar, nunca mais foi o mesmo. O Brasil aparecia para o mundo e começávamos a ter orgulho de ser brasileiro.
Em seguida outras coisas foram acontecendo e nos enchendo de orgulho. Foi apresentado o Palácio do Alvorada com seu desenho moderno de Niemayer para a inauguração de Brasília em 1961.
Fez sucesso no mundo a Bossa Nova com a música Chega de Saudades de João Gilberto.
O Brasil passou a ser reconhecido não pela miséria e pelo subdesenvolvimento, mas pelo talento do futebol, pela sofisticação da música, pela beleza da arquitetura. Nós nos tornamos internacionais pela primeira vez. Hoje parece pouco, mas foi muito importante para o que somos hoje. Erámos 70 milhões e hoje somos 210 milhões, três vezes mais de habitantes em 60 anos.
Dez anos depois, em 1968, tivemos o ano que ficou conhecido como “o ano que não terminou”. Para quem acha que tudo está acontecendo agora leiam e veja como a história é cíclica. Vou só listar alguns acontecimentos que marcaram esse ano que trouxeram consequências para os anos posteriores.
O ano de 1968 foi marcado por grandes acontecimentos, contestações e protestos que varreram as ruas do país e do mundo, reverberando para sempre na cultura, no comportamento e na política.
Manifestações do início de maio em Paris, passando pelo assassinato de Martin Luther King, o musical “Hair” nos Estados Unidos com todo mundo nu no palco e o Tropicalismo no Brasil, 1968 foi um ano de questionamento do establishment de transformações sociais e políticas deflagradas pela inquietude de jovens de vários cantos do planeta.
Em Paris, estudantes se armaram de paralelepípedos para defender nas ruas o direito de pedir o impossível e proibir as proibições. Na antiga Tchecoslováquia, a Primavera de Praga gerou um clamor por liberdade que seria calado pelos tanques soviéticos, criando um trauma no país e mudando a história das esquerdas mundiais. Em Berlim, a juventude alemã rejeitava o sistema e questionava a geração de seus pais, que haviam convivido com o nazismo.
Foi também em 1968 que outra revolução aconteceu: longe das ruas, entre quatro paredes, ou mesmo ao ar livre, em parques e festivais de música, jovens germinavam a liberação sexual, tendo como combustível as drogas, o rock and roll e a bandeira de “paz e amor” do movimento hippie. Nos Estados Unidos, esse espírito pacifista e libertário produziu ainda outros efeitos importantes, como a forte oposição popular à participação do país na Guerra do Vietnã, que pressionou o governo a buscar uma solução de paz para o conflito.
Já em 1978 foi o ano que tivemos três Papas em dois meses, que apareceu o Lula liderando a primeira greve dos metalúrgico no Brasil. Em Jonestown – Guiana um líder espiritual Templo do Povo levou 900 pessoas que o acompanhavam ao suicido coletivo. Lembra algo?
No Rio de Janeiro um incêndio destruiu praticamente todo o acervo do Museu de Arte Moderna. O fogo consumiu e fez virar pó todo o acervo de obras de arte de artistas renomados. Novamente lembra algo desse ano?
A Argentina foi à campeã mundial de 78 de uma forma estranha com o Peru entregando o jogo,
Em 1988 o Brasil ganha nova Constituição, Senna é campeão, Aurélio Miguel ganha medalha de ouro no judô na Olimpíada – 88 Jô Soares estreia um talk show no SBT e Chacrinha se vai. Nem é preciso dizer nada sobre o impacto para os anos seguintes na vida de todos.
1998 – Brasil perde Copa devido à convulsão de Ronaldo com a França se tornando campeã pela primeira vez e eu assistindo a final no estádio sem entender nada o que estava acontecendo. Fernando Henrique Cardoso é o primeiro presidente a ser reeleito na primeira eleição com urnas eletrônicas.
Quando chegou 2008 tivemos uma enorme recessão no mundo derrubando a economia mundial, considerada uma marolinha no Brasil pelo Lula, que estamos vendo os reflexos até hoje 10 anos depois.
É eleito Obama, o primeiro presidente negro dos EUA, e o Brasil brilha na Olimpíada de Pequim. Foi um ano que tudo teve que ser repensado.
Agora chegamos em 2018 um ano marcado pela politica. Surge um fenômeno desconhecido, sem partido que empolga todo mundo, é esfaqueado em uma manifestação e é eleito Presidente do Brasil: Jair Messias Bolsonaro.
Foi o ano também que Lula foi preso, surgiu em 1978 e foi preso em 2018. No final do ano estoura o escândalo de outro líder espiritual João de Deus que se aproveitava da fragilidade emocional de mulheres para cometer abusos.
Chegamos ao final do ano com muitas esperanças de que o Brasil volte ao caminho do crescimento para que possamos diminuir o desemprego, e que todos possam voltar a ser felizes, que as diferenças politicas e religiosas sejam digeridas e que voltemos a ser o país da alegria e do companheirismo.