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A culpada é a “GRATIDÃO”

A culpada é a “GRATIDÃO”

Tenho sido cobrado por novos textos aqui no blog, mas confesso: numa época de tantas incertezas e transformações tem sido difícil encontrar um tema sem ser politico para expressar a minha opinião.

Um dia desses lendo notícias na internet algo me chamou atenção: Geração sem gratidão de autoria da Ruth Manus no jornal O Estado de São Paulo.

Uma luz se acendeu e “eureka”.   É isso ela tem razão.

(Eureka!Eureca!Heureka! ou Heureca! (em gregoηὕρηκα/εὕρηκα – “Encontrei!“) é uma famosa exclamação atribuída ao matemático grego Arquimedes de Siracusa (287212 a.C.). Eureka é uma interjeição que significa “encontrei” ou “descobri”, exclamação que ficou famosa mundialmente por Arquimedes de Siracusa. É normalmente pronunciada por alguém que acaba de encontrar a solução para um problema difícil)

Venho tentando decifrar essas mudanças no comportamento das pessoas e tentar encontrar algum ponto em comum e de repente achei: gratidão.

Sim.

Essas novas gerações não conhecem essa tal de gratidão.

Com a idade passando vi muita coisa que não está mais na moda, mas que eu gostava e que a substitui pelo novo, muitas vezes com mais vantagens sem dúvida.

Porém, uma coisa que me parece estar mesmo fora de moda e ainda não encontrou substituta é o sentimento de gratidão.

Diz a autora do texto: “Não sei se a minha geração foi criada para entender esse conceito. Acho que não. Parece que temos que fazer muito esforço para entender isso, inclusive eu.”.

Nada mais verdadeiro e que explica muita das coisas que vemos atônitos acontecer e não temos uma explicação razoável.

Voltando no tempo percebi que é verdade, pelo menos nos últimos 30/40 anos a noção de gratidão realmente foi se perdendo e para as novas gerações é tão estranho, como ela coloca no artigo, quanto para uma criança nascida após 2010 olhar para uma vitrola, um mimeografo um telex, um fax, um vídeo cassete, um fogo a lenha, etc. e entender para que sirva essas coisas.

Isso de certa maneira consegue explicar porque já desde criança elas acham que é obrigação dos pais darem tudo o que querem que as professoras ainda no “jardim de infância” apontarem para a professora com o dedinho e falar: “é meu pai que paga seu salario”.

Crescem com a certeza que todos tem dívidas com eles, e que “o universo tem toda a obrigação de nos proporcionar a felicidade plena, não porque merecemos, mas porque temos direito”.

Criamos gerações que se acham sempre credores, todos tem a obrigação de servi-los, nunca são os devedores e muito menos gratos.

E isso se espelha por todas as fases da sua vida. Não importa os sacrifícios e dedicação que os pais fazem para dar uma educação, mas sim eles que lhes devem por ser bom filho.

Os mestres é que lhes devem, pois “é ele” que paga seu salário e nunca são gratos pelos ensinamentos que recebe. Não veremos mais a menção muito corriqueira “antigamente” de pessoas agradecendo a “primeira professora” que ensinou as primeiras letras. Triste isso.

Aí vai para o mercado de trabalho. A coisa já começa na entrevista. Assim que percebe que tem alguma chance começa a querer saber dos benefícios, se vai ter celular, vale refeição de que valor, etc.

Nunca é grata ao seu superior pela oportunidade de trabalho, dos feedbacks recebidos para seu crescimento, acha que é o superior e a empresa que lhe deve muito por cumprir todos os dias suas obrigações (e só aquela).

É triste perceber como que essas gerações foram perdendo algo básico para um ser humano que considerávamos legal.

Lutamos muito para ter privilégios para os velhinhos e eles reclamam quando isso acontece e invariavelmente não são gentis com eles, não tem paciência e até parece que não vão também ficar velhos.

Os professores eram respeitados pela gratidão aos conhecimentos transferidos e exemplo de dedicação, agora eles agridem no verbalmente, mas também fisicamente.

Não entendem que trabalhar bem, cumprir as regras e horários, tentar se superar no trabalho é uma forma de retribuir a oportunidade que a empresa e superiores lhes dão. Querem fazer o mínimo possível achando que estão fazendo o máximo.

Nos relacionamentos são incapazes verem em cada gesto do parceiro um esforço para agradar e nunca são gratos por isso, apenas acham que é obrigação.

Acham-se os “bons” que tudo sabem e que todos lhes devem.

E com tudo desse jeito vem o vazio, afinal para que sirva nossa vida. Quem acorda pela manhã e somos gratos por mais um dia de vida, vivemos felizes. Quem e só se vê como credor de tudo e de todos, não consegue entender a razão de viver e sofre sempre.

No texto original a escritora nos pede: “É preciso que a gente saiba resgatar essa ideia de gratidão. Olhar para as nossas vidas e pensar que temos muita sorte, pelo simples fato de termos a base: afeto, comida, teto, saúde. Precisamos parar de olhar para os nossos dias pensando no que não temos: o corpo ideal, o salário estratosférico, o namorado mais bonito, a dupla promoção, a viagem dos sonhos”.

Enfim essa é uma geração mimada que tem que aprender que tudo tem suas consequências e que enquanto ficar só exigindo ao invés de ser grato por ter a oportunidade de todos os dias tornar esse mundo um lugar melhor, vai apenas passar por essa vida sem nunca tê-la vivido.

Eduardo Augusto dos Santos

Paulistano do bairro da Indepedência (Ipiranga-São Paulo), que apesar de manter fortes vínculos com suas origens e convicções sempre foi um apaixonado pelas mudanças como forma de evoluir e crescer como ser humano, daí HORA DE MUDAR.

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Eduardo Augusto dos Santos

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