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Amor virtual ou amor século 21

AMOR VIRTUAL OU AMOR SÉCULO 21

Já falei algumas vezes aqui no blog sobre o amor virtual, mas agora volto para falar de novos aspectos que com a proliferação entre nós do uso dos smartphones, ipads, 3G, 4G, etc. se potencializaram.

A internet está muito mais acessível hoje que quando comentei sobre o amor virtual nos textos Namoro à distância (4/abril/2011), Senza Fine (Sem fim) – 24/junho/2009 e fica mais evidente o impacto que ela (internet) vem causando em nossas vidas pessoais.

Nos Estados Unidos, país das estatísticas para tudo, 80% das divergências afetivas hoje são originárias do mundo cibernético. As separações são decorrentes de interações iniciadas no mundo virtual com a constante troca de mensagens pelo e-mail, Whatsapp, SMS, Facebook, Skype, e etc.

O mesmo ocorre nos países da Europa onde mais de 50% dos divórcios na França também tem origem nas redes sociais.

Só essas duas referencias já seriam suficientes para que parássemos e fizéssemos a seguinte pergunta:

– O que torna o mundo virtual o local próprio para esse tipo de ocorrência?

– Será que estamos menos pacientes para administrar as diferenças que os romances da vida real tanto nos exigem?

– Estamos mais tímidos ou introvertidos e atrás de uma tela resolvemos essas nossas dificuldades?

Não me parece assim tão simples. O mundo virtual afasta as também aproxima.

Na vida real todo contato social acontece por conta de um interesse nosso. Quando olhamos a pessoa nosso cérebro processa em tempo real, dados que conseguimos perceber como peso, altura, idade, saúde, que combina com informações mais sutis como voz, sensibilidade, humor, inteligência, gostos, gestos, postura corporal, etc.

Aprendemos a processar tudo isso ainda criança e do cruzamento dessas informações concretas e sensoriais rapidamente chegamos a um resultado se gostamos ou não gostamos da outra pessoa.

Claro que com isso ficamos com muitos preconceitos enraizados e cometemos muitas falsas escolhas.

Gosto de citar duas para explicar melhor: se quando a garotinha tinha um tio “chato” que cada vez que a encontrava a pegava pela bochecha para dizer que ela estava se tornando uma mocinha e esse tio usava bigode, ela pode simplesmente afastar de si todos os homens de bigode, apenas por decorrência da lembrança desse tio.

Se por outro lado tinha um pai que era inteligente, culto, e que a tratava bem, mas que usava barba vai sempre achar que todos que a usam são iguais, mesmo sendo o maior bandido da terra (ele só precisa de uma chance, ela vai falar).

Essas avaliações instantâneas eram muito importantes antigamente, pois sem muitas informações mais aprofundadas que levavam muito tempo para ser conseguido, um olhar “olho no olho” eram utilizados para saber se podíamos ou não confiar na outra pessoa.

Até hoje na vida real seguimos as mesmas regras. Quando conhecemos alguém, avaliamos visualmente (a primeira impressão é a que fica – lembram-se disso?), sentimos o que sua voz nos passa de informação e vamos construindo o perfil que achamos ou não interessante para nós.

No mundo virtual temos um problema, por mais que respondamos os “kits” de informações de todo inicio de conversa virtual (foto, de onde, idade, como você é, do que gosta, etc.) ficamos privados das pistas intuitivas e sensoriais, pois não estando na presença do outro ficam muitos espaços vazios, não preenchidos no nosso roteiro de avaliação e que muito nos ajudaria para termos uma avaliação melhor.

Na falta dessas pistas intuitivas e sensoriais sem que percebamos começamos a idealizar tentando preencher a figura inacabada com nossos desejos pessoais de afeto e carinho, por nossos sonhos, carências, expectativas e toda capacidade de fantasiar e idealizar o parceiro ideal.

Assim e por conta disso os amores virtuais acabam representando nossas vontades afetivas não experimentadas e acabam sendo muito sedutoras e arrebatadoras nos cegando de toda nossa racionalidade.

Numa relação estável todas boas memórias pouco interferem em nós, mas em relações incompletas, decepcionantes, falidas e frustrantes que vivenciamos todos os fatos ganham uma desproporcional força.

Enfim desde crianças somos condicionados por historias de finais felizes, onde o bem sempre prevalece sobre o mal que o brasileiro não desiste nunca, exercendo uma enorme influência na nossa formação psicológica. Acabamos sempre achando que tudo pode mudar, que somos capazes de conseguir o que queremos e insistimos mesmo tendo consciência que estamos errados.

Por tudo isso, a internet consegue abrir nossa caixa de pandora emocional e nos fazer viajar pelo mundo da fantasia de uma maneira envolvente.

Toda pessoa racional sabe que nem todas as fantasias serão vividas no mundo real, pois são apenas e nada mais do que criações da nossa mente influenciada pelos estímulos recebidos desde nossa infância, mas para aqueles que não entendem assim, a vida virtual se torna o espaço ideal para que os amores do século 21 possam ser vivenciados sem receios e preconceitos de maneira profunda, em muitos casos, experiências não vividas.

Eduardo Augusto dos Santos

Paulistano do bairro da Indepedência (Ipiranga-São Paulo), que apesar de manter fortes vínculos com suas origens e convicções sempre foi um apaixonado pelas mudanças como forma de evoluir e crescer como ser humano, daí HORA DE MUDAR.

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Eduardo Augusto dos Santos

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