Categories: Filosofia

Formar ou informar?

“O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer”. Albert Einstein

Vivemos um momento muito estranho.

Não consigo entender o modelo de educação atual.

Verdade que uns 15 anos atrás numa visita de reconhecimento de um hotel fazenda para realizar um treinamento empresarial encontrei um antigo e vitorioso educador paulista que estava desfrutando de sua aposentadoria (era dono do local), sentado numa varanda a beira do lago me alertou.

Quando perguntei por que tinha vendido suas escolas tão prestigiadas ele me respondeu:

“- Eduardo, na minha época escola formava agora ela apenas informa e eu sei formar pessoas”.

Rapidamente entendi a mensagem, e vejam que ainda não estávamos vivendo proliferação da era da comunicação com seus Facebook, Google, iPad, iPhones, etc.. onde a informação está toda disponível muita mais que um professor pode fornecer.

Até essa época os professores eram respeitados e levavam o conhecimento, mas acima de tudo ajudavam a família na formação do indivíduo e muitas vezes eram os únicos a transmitirem disciplina, ética, moral, confiança, trabalho em equipe, competitividade, etc.

Quando esse assunto é levantado dizem que tem a ver com liberdade e tal, mas é muito estranho. Nunca na minha vida senti falta de liberdade por ser educado da forma antiga pelo contrário.

Na minha época de criança, com 10/12 anos, apenas pensava nas horas vagas jogar futebol e aos domingos ir à matinê para ver a continuação do seriado e aos 14/15 nos bailinhos nas garagens de domingo ou ir ao cinema com alguma namoradinha.

Como na minha família tomávamos café da manhã, almoçávamos e jantávamos juntos meus pais tinham diferentes maneiras de descobrir se algo não ia bem comigo. Hoje os pais o máximo que conseguem é saber se algo vai errado na rede social ou no celular um ano depois.

Neste exato momento estou voltando do supermercado e tive um exemplo disso tudo dito aí em cima. Estava no caixa esperando o garoto auxiliar do caixa ver o código correto de uma fruta quando a caixa (uma garota de uns 25 anos) me chamou atenção para uma garotinha sentada quietinha perto das caixas de bombons esperando a mãe e me disse: “Que bonitinha se fosse a minha já estava pegando a caixa e comendo chocolate, queria que ela fosse assim”.

Por acaso a mãe da garotinha era uma estrangeira.

E é fácil de entender. Hoje você convida um amigo com filhos para visitar sua casa e já sabe que vai ter problemas. Quebram coisas, riscam a parede branquinha, derrubam Coca Cola no tapete novo e o máximo que os pais falam é: “não faz isso filhinho”. Mais à frente com voz de criancinhas falam aos filhos: “você quer comidinha?”. Após um não categórico se justificam: “ele não está com fome”.

Essas crianças estão crescendo sem saber o que é perder, sem saber o que é receber um “não. O único que ainda desafia essa criança é o professor e que está passando maus bocados na sala de aula. Hoje é normal um pirralho de cinco anos levantar a mão e com dedos em riste falar para a professora: “não gosto de você, vou contar para minha mãe” ou pior ainda “vou te matar”. Onde já se viu uma coisa dessas? E nada pode ser feito para ensinar essa criança como deve se comportar porque qualquer coisa que o professor falar pode virar contra ele numa ação dos pais.

Em conversa com professores amigos recolhi essa história: “outro dia uma mãe me mandou um bilhete enorme tentando-me “comprar” (convencer) que eu deixasse a filha dela a fazer tal coisa que eu não deixe e, pois a filha dela não gosta de ser contrariada. Oras não deixei e não deixo porque tem hora para tudo e não era aquele o momento correto”. E continuou: “a mãe não quer receba a palavrinha não. Na reunião de Pais do inicio deste ano quando foram explicadas as regras como seriam as tarefas de casa, uma vez por semana para um determinado nível e duas vezes na semana para um nível acima teve pais que questionaram, pois acham errado ir tarefa para casa que é muita coisa para as crianças”.

Os pais hoje colocam que querem proteger quando na realidade não querem trabalho, não querem o compromisso, não ajudam a formá-los para o futuro. Pode uma coisa dessas.

As escolas estão discutindo a mais de 10 anos um novo modelo de aprendizado e não chegam nunca a lugar nenhum. Os alunos acham os professores uns chatos, os professores desanimados e com medo não amam mais o que fazem (até amam, mas não sabem até quando), os pais não vão a reuniões de acompanhamento de seus filhos e quando vão é para defender os filhos contra os professores. Os pais não estão ajudando na formação dos filhos com medo de serem taxados de autoritários.

Hoje os pais compram o silêncio dos filhos com vídeos games, celulares, computadores ou outro objeto de valor do momento.

De repente estamos criando uma geração de mimados que quando vão ao mercado de trabalho querem continuar no mesmo ritmo.

Entrevisto estudantes que a primeira coisa que querem saber o que darei a eles para escolherem a minha empresa. Todos começam dizendo que estão em outros processos de seleção e que dependendo da minha proposta escolhem a minha empresa.

Estamos vivendo um momento excepcional no Brasil com baixos índices de desemprego, com uma enorme imigração de talentos. No ano passado receberam visto para trabalhar no Brasil, segundo dados divulgados, mais de 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) estrangeiros fora os imigrantes ilegais que atravessam a fronteira e os sul americanos que não precisam de visto. Eles vem para recomeçar uma vida com gás todo e com muita disciplina.

Criando uma geração de “mimados” eles não sobreviverão à disputa no mercado de trabalho e vamos acabar vendo brasileiros “varrendo rua” enquanto os estrangeiros estarão ocupando os cargos que deveriam ser nossos.

 

PAIS, GOVERNANTES, é HORA DE MUDAR ou seremos todos engolidos pela falta de formação.

 

 

 

Eduardo Augusto dos Santos

Paulistano do bairro da Indepedência (Ipiranga-São Paulo), que apesar de manter fortes vínculos com suas origens e convicções sempre foi um apaixonado pelas mudanças como forma de evoluir e crescer como ser humano, daí HORA DE MUDAR.

View Comments

  • Seu texto e bastante reflexivo Eduardo, pois revela os filhos que estamos criando para o futuro, para as novas geraçoes que vem por ai.
    Dificil mudar sozinhos, faz-se necessario uma mudança comportamental e cultural de pensamentos, aprendizagem, valores, por parte de pais, mestres, governantes principalmente.
    E levara um tempo razoavel para que vejamos as mudanças, porque as pessoas estao mais preocupadas com outras coisas, do que com a educaçao de nossos filhos...

  • É Eduardo, estou totalmente de acordo.
    Hoje no café da manhã falávamos sobre isso, o quanto as crianças são mimadas e egoístas com seus pais. Só fazem as coisas se for receber algo em benefício próprio. Conseqüência da educação que vem recebendo dos pais e formadores.
    Se a minha geração reage a um não com bicos, manhas e birras imagine a geração que virá, será uma verdadeira vergonha, adultos com comportamento infantil e promíscuo.
    .

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Eduardo Augusto dos Santos

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