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Lealdade e fidelidade

 

Na vida profissional costumamos entender perfeitamente que de um colaborador, fornecedor ou cliente não podemos exigir fidelidade, ela tem que ser uma conseqüência do nosso proceder, temos que conquistá-la e renová-la todos os dias.

A fidelidade é uma ação em curto prazo, rápida, de momento, mas que um dia poderá acabar – “que seja eterna enquanto durar”.

A lealdade é uma ação de longo prazo, lenta e que requer tempo para se conquistar, mas que terá grandes chances de se tornar duradoura, pois as pessoas leais são aquelas que em meio a qualquer situação, estarão sempre ao seu lado. Quem é leal, é leal pra toda vida. Já a fidelidade só sobrevive até um fato novo acontecer.

Fidelidade e lealdade podem muitas vezes caminhar juntas e por isso são confundidas com “puxa saquismo” ou ser submisso. Não tem nada disso.

Se isso é assim na vida profissional porque seria diferente na vida pessoal?

Na vida pessoal fala-se muito sobre fidelidade, poligamia e monogamia. Geralmente é sobre a poligamia do homem, a monogamia da mulher e a fidelidade não se sabe bem ao certo onde entra. Se for da natureza do homem querer ter mais de uma mulher e da mulher ter somente um homem, aonde entra a fidelidade?

De uma maneira geral a natureza humana determina certos pontos do caráter do homem e da mulher, mas existem mulheres tão canalhas quanto os homens, assim como, pode parecer piada, existe homem fiel. Só que hoje em dia fidelidade é uma coisa meio ultrapassada. Houve uma novela em que a atriz principal “pegava” todos e contava para seu marido, pois ela dizia que tinha lealdade a ele.  “Fidelidade não é lealdade”. “Não acredito em fidelidade, acredito em lealdade. Mais importante que a fidelidade é a lealdade” ela dizia.

Ao construirmos um relacionamento verdadeiro o que se espera do companheiro (a) é lealdade, afinal não mantemos simplesmente um caso sexual, mas sim dividimos sonhos, esperanças, projetos, lutas, derrotas e vitórias.

Vamos criando toda uma história. Se um dos dois começa paralelamente a construir outra história, com outra pessoa, isso é deslealdade, mais do que infidelidade. Apaixonar-se por outro (a) no meio da história que já se tem não é impossível, não é traição. Traição é não dividir isso, é não abrir o jogo com a pessoa com quem tu dormes noite após noite. Estabelecer o que é primordial num relacionamento é algo complicado. Ninguém gosta de ser traído. Fato.

É claro que casos passageiros dentro do casamento é infidelidade, mas muitas vezes é só um caso. Mas ir se apaixonando, se envolvendo com outra pessoa, fazendo planos, dividindo outros sonhos, outras esperanças sem romper com o relacionamento antigo, isso é deslealdade, por que além de parceiro sexual, quando se vive junto, os cônjuges também são amigos, são cúmplices. 

Se quase nunca conseguimos perdoar a traição de amigo e será que a traição de companheiro (a) pode até ser esquecida?  Não seria uma regra básica que namorados/esposos e assemelhados sejam amigos?  Que é desagradável contar que traiu é claro. Assim como é horrível no ouvido de quem escuta. Mas o casal deve ter um trato. Aí que entra a cumplicidade.

Muitas vezes, todos nós, queremos uma segunda chance, mas quando é para oferecermos uma para alguém somos hipócritas. Se o amor for maior que a traição, porque não perdoar? Só porque dizem por aí que não se pode fazer isso?  Quantas coisas deixamos de fazer na vida porque os “outros” dizem que não pode?  Só quem deve analisar isso é você, ninguém mais. Cada situação é única. 

Se coloque no lugar do outro, pense até onde suas fraquezas te dominam e consulte o seu coração sobre o que ele sente. O importante nessa história é ser feliz. E a felicidade para cada um é particular. Só não é feliz de verdade quem não sabe o que quer.

A lealdade é o que mais importa em qualquer tipo de relacionamento. Se há um acordo entre as partes para ficarem pulando cerca, não há deslealdade. Ninguém está livre de se apaixonar por outro, mas fazer disso uma vidinha paralela, deixando o parceiro num “stand-by” involuntário, é deslealdade.  Ser desleal é mentir, jogar contra, não ser amigo (a) do companheiro.

E a poligamia?  Sempre que se fala nisso os homens logo citam exemplos de sociedades poligâmicas, até porque, comunidades femininas e poligâmicas, ninguém nunca ouviu falar. Tá certo que as mulheres também traem, algumas bem mais que muito homem. É complicado pensar nisso, mas não é impossível uma mulher sentir algo pelo professor sarado da academia ou pelo artista bonitão da última novela. Isso seria infidelidade ou deslealdade? 

As pessoas são fieis porque a sociedade, o caráter ou o medo de serem descobertas assim as obriga. A pessoa casada (homem ou mulher) que decide flertar com o/a colega de trabalho, mas que não avança para o carnal da coisa é fiel. Mas no momento que cede às mensagens sensuais ou aos olhares lascivos deixou de ser leal.

Porque a lealdade é um compromisso que temos conosco mesmo. Fidelidade é um compromisso que temos com os outros.

Falar simplesmente que a natureza é assim é reduzir o assunto de forma muito simples. Também é da natureza muitas das nossas outras necessidades fisiológicas, o sexo é apenas uma delas, e ninguém sair por aí fazendo côco em plena rua, ou sexo, em qualquer esquina.  

Se conseguimos controlar necessidades prementes como o xixi porque não agüentar o incrível desejo de fazer sexo com outrem além do seu companheiro (a) ou afim, dividindo outros sonhos, outras esperanças.

O ser humano é muito complexo. Eu não consigo explicar, aliás, eu não entendo.

Confesso, não entendo nem a mim mesmo.

Eduardo Augusto dos Santos

Paulistano do bairro da Indepedência (Ipiranga-São Paulo), que apesar de manter fortes vínculos com suas origens e convicções sempre foi um apaixonado pelas mudanças como forma de evoluir e crescer como ser humano, daí HORA DE MUDAR.

View Comments

  • Se tem amor pelo trabalho...é leal, e se ama
    quem está ao seu lado, é fiel, é leal.....

    Amar de verdade...é só.

  • Nossas palavras são comuns... imagine qdo assisti ao filme Infidelidade ao lado do meu filho, há mais de 6 anos, e diferenciei infidelidade de traição com a mesma idéia q vc registrou no seu texto. As circunstancias é que fazem a diferença...

  • Assunto complexo...polêmico...controverso!!
    Rende boas discussões em uma roda entre amigos numa mesa de bar, horas "filosofando" num café, kilômetros de conversa numa estrada...Mas quantos, quantos casais conversam sobre isso?? Não será a hora de levar o assunto para a cama??? Fidelidade e Lealdade ou Fidelidade versus Lealdade, como preferir, deve ser discutida e combinada antes de ser cobrada!
    O assunto rende, experimentem!!!

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Eduardo Augusto dos Santos

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