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O bambu chinês e o carvalho

O bambu chinês e o carvalho

Conto há muito tempo essa historia que um dia li num livro ainda de papel. É antiga, não conheço o autor dizem que é uma lenda chinesa, mas é atual como nunca.

Num momento de  dificuldades e incertezas como o que vivemos atualmente, temos como aprender muito com ela para conseguirmos sobreviver com mais essa tormenta. Quando conto sempre faço algumas adaptações para a situação do momento, mas a essência é sempre a mesma.

Vamos a ela então:

Numa longa estrada que cortava uma planície verdejante havia um grande e lindo bambuzal de um lado e do outro uma imponente e forte árvore de carvalho.

O carvalho é uma arvore que pode atingir 30 a 40 metros de altura e um tempo de vida de 500 a 1000 anos, possui uma madeira rija, pesada e resistente à humidade, e representa em algumas regiões a força e a resistência. É muito utilizada em parques e jardins pela sombra que proporciona.

Já o bambu chinês é uma gramínea que se reproduz facilmente sem necessidade de replantio formando extensos bambuzais. Por ser uma gramínea é leve e se movimenta ao menor vento ou chuva.

Um belo dia, como sempre acontecia, estava o carvalho e o bambu a trocar impressões sobre a vida debaixo de um sol escaldante e uma leve brisa, quando o carvalho disse ao bambu:

  • Bambu amigo, você é muito frágil o destino foi cruel contigo. Qualquer carro que passa ou uma avezinha que pousa sobre você, já faz com que se mexa todo. Qualquer ventinho te curva todo.  Olhe para mim, não tenho do que me queixar, sou forte e belo, e se tivesses nascido sob a minha sombra, eu te protegeria, mas onde estás nada posso fazer. A vida é mesmo muito cruel para com os fracos.
  • Obrigado amigo carvalho. Agradeço seu companheirismo e a preocupação que demonstras ter comigo.  Não é necessário que te preocupe assim, o sol me fortalece e faz que surjam novos brotos de bambu formando esse lindo bambuzal e sei como proceder diante dos vendavais. É necessário apenas que eu me incline, até que eles passem. Fico feliz de que nunca tenhas passado por um, falou o bambu humildemente.

Como se tivesse ouvido as palavras do bambu, a brisa foi se tornando forte até se transformar num forte vendaval. Começaram a voar pelos ares folhas, flores e galhos, raios cortavam os céus e fazia muito barulho espantando os animais que tratavam de protegerem assustados.  O sol e a claridade deram a vez para a escuridão e a chuva torrencial completou a cena de destruição que estava para acontecer.

Diante da força da natureza o bambu balançava sendo jogado de um lado para o outro, porém mantendo suas profundas raízes seguras ao solo. O vendaval aumentou transformando-se num furacão que a arrastava tudo que estava no seu caminho.

Aos poucos os ventos foram levando as nuvens para longe e dissipando as forças da natureza. O sol começou a aparecer entre as nuvens e logo estava novamente radiante e começou a banhar a bela planície verdejante.

Com o calor irradiado do sol foram secando as folhas do bambu e ele lentamente foi se reerguendo e logo já estava balançando com a brisa.

Já de volta a sua condição inicial o bambu buscou pelo amigo carvalho, mas ele jazia morto no chão, tronco quebrado ao meio, com as raízes à mostra sem nenhuma condição de se levantar.

Reflexão

Assim como o carvalho, existem pessoas que se fazem de bons companheiros, compreensivos que querem nos ajudar, para depois nos jogar na cara o que julgam nossas fraquezas, quando na realidade é nosso lado forte.

Deixam-se levar pelas aparências, não percebem que aquilo que satisfaz sua vaidade, quase sempre é o que vai levar à sua derrota.

A vida nos ensina que diante de certas dificuldades ou contratempos é melhor enfrentá-los de frente. Em muitos momentos da vida temos que ser flexíveis como o bambu, para depois colher os frutos da vitória depois, pois a arrogância e a prepotência nada podem fazer nesses momentos.

O carvalho não foi capaz de se dobrar a fúria da natureza mantendo em pé enfrentando-a, o bambu, por sua vez, reconhecendo a força enorme, inclinou-se diante dela. Sabia o bambu que seria necessário uma força superior que ele não tinha então se curvou diante dela, esperando o momento oportuno para se levantar, e vir surgir novamente o sol e um novo dia.

Saber avaliar nossas forças e reconhecer qual será a melhor arma a ser usado num determinado momento é o que nos leva a vitória final.

Para vencermos uma guerra, seja ela qual for o importante não é vencermos todas as batalhas, às vezes temos que perder algumas, recuar, para avançar depois e sair vitorioso. Como no jogo de xadrez, às vezes temos que dar algumas peças ao adversário para depois aplicarmos um xeque mate.

Saber o momento certo de agir e avançar é viver com sabedoria.

Gosto muito desta fábula que nos faz pensar sobre como reagimos às adversidades da vida. Quanto mais resistimos em aceitar os problemas que vão surgindo no nosso dia a dia, mais nos parecemos com o carvalho, insistindo em negar que precisamos enfrenta-los, saindo de nosso eixo de equilíbrio, e deixando de viver nossa vida, virando apenas uma arvore caída no chão com as raízes expostas.

Já o bambu chinês nos ensina que não devemos desistir facilmente de nossos projetos, de nossos sonhos… Temos saber e usar o longo caminho que percorremos para sermos o que somos.  Podemos nos curvar até o chão diante de um vendaval, mas logo que cessar, vamos aos reergue. Quanto mais agirmos como o bambu mais alto será a nossa probabilidade de sobrevivermos.

Outra coisa interessante de saber: o bambu no primeiro ano é apenas um broto. No segundo e no terceiro também. No quarto ele continua lá e parece não ter progresso nenhum. Já no quinto ano, o bambu cresce vertiginosamente podendo atingir 20 a 25 metros de altura, sempre em bambuzais, raramente estão sozinhos.·.

Nos quatro anos anteriores ele não está parado, mas preparando-se para crescer. Suas raízes se entrelaçam e se expandem por baixo da terra, se espalhando por grandes áreas e profundamente. Aos poucos, com paciência, confiança e determinação vão acumulando energia para no quinto ano crescer vigorosamente. Assim está preparado para fortes ventos, sem que as suas raízes sejam arrancadas do chão e afete sua sobrevivência.

Você trabalha, investe tempo e esforço, tudo pensando em seu crescimento, e às vezes tem a sensação que nada está acontecendo. Mas, se tiver paciência para continuar trabalhando e acumulando, logo o quinto ano chegará e o crescimento e a mudança que vai acontecer vai te surpreender.

Moral da história:

O bambu chinês nos ensina que não podemos desistir fácil das coisas, de nossos sonhos. Em projetos que envolvem mudanças de comportamento, cultura e predisposição para atitudes e ações novas não podemos desistir frente às dificuldades que surgirão e que serão muitas.

No passado, as empresas mais fortes e sólidas era as que se apegavam firme aos seus conceitos e por isso duravam. Esse tempo mudou, hoje só vai sobreviver quem se reinventar a todo hora. O que se fazia ontem não vai ser o que se faz hoje e nem amanhã.
Hoje, o maior erro que uma empresa pode cometer é tentar continuar ser a mesma ao longo do tempo, é tentar se manter   no passado e, assim, ver o presente e o futuro passarem por ela. Isso não quer dizer não ter princípios: um bambu será sempre um bambu; é se manter fiel a seus princípios mas olhando para frente. É HORA DE MUDAR esse é opor/em  desafio: ser diferente todo dia, porém sendo sempre o mesmo.

Eduardo Augusto dos Santos

Paulistano do bairro da Indepedência (Ipiranga-São Paulo), que apesar de manter fortes vínculos com suas origens e convicções sempre foi um apaixonado pelas mudanças como forma de evoluir e crescer como ser humano, daí HORA DE MUDAR.

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  • Muito bom texto....saber se adaptar as adversidades da vida e ter humildade diante de forças maiores que as nossas é uma das chaves para se viver melhor!

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Eduardo Augusto dos Santos

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