Durante muitos anos venho constatando a enorme dificuldade das pessoas em lidar com as mudanças.
Seja ela de grande monta (trocar de emprego, romper um casamento , mudar de cidade, etc.) ou mesmo uma pequena mudança ( novo lay-out do escritório onde a mesa ficará a 2 metros do local original, nova tarefa ou função, almoçar num novo restaurante, etc. ).
Essa percepção ficou muito mais forte a partir de 1991 quando fui contratado para implantar e dirigir a UNIMICRO, uma empresa distribuidora de PTC’S ( hand-helds – computadores portáteis de mão) da empresa americana TELXON com tecnologia de ponta.
Como vendíamos hardware com tecnologia de ponta logo percebi que deveríamos acrescentar o software, pois quem adquiria os produtos apresentava um alto grau de rejeição, na realidade medo de mudar o estabelecido.
Ao recrutar profissionais para as áreas técnicas notei nas entrevistas a mesma resistência. Elementos que já haviam passado pela experiência da substituição dos mainframes pelos PC ( haviam resistido até o último instante mesmo percebendo a mudança ) agora se recusavam a enxergar a chegada dos PTC’s , pois também tinham medo de enxergar a simplificação cada vez maior no uso da tecnologia.
O curioso é que já havia notado essa dificuldade em empresas anteriores e me lembro como foi difícil aprovar um novo lay-out, mais limpo com portas de vidro sem grades para uma instituição financeira (1972) , aprovar o abandono das xícaras de porcelanas por copinhos de plásticos no cafezinho servido aos 750 funcionários de uma empresa de consultoria (1968) ou como a gerente da agência de turismo ficava nervosa a cada mudança da localização de sua mesa de trabalho(1986).
Um dia conversando sobre o assunto mudanças com essa gerente ela me disse que era como um gato, não gostava que mexessem em seu canto e que quando isso acontecia ela ficava profundamente insegura apesar de confiar totalmente na empresa e em mim.
Foi nessa época que pegando o raciocínio acima dividi as pessoas em gatos e cães conforme a reação as mudanças. Anos mais tarde, 10 a 15 anos depois, vi essa mesma definição sendo aplicada.
Todos nós assumimos as duas condições dependendo da situação. Somos gato quando acuados em um canto por uma mudança que não compreendemos e ficamos com os pelos oriçados, as unhas em posição de ataque e até podemos contrair a raiva.
Somos cão quando mesmo recebendo um pontapé de “passa para lá” do dono, ainda assim voltamos abanando o rabo pedindo e oferecendo carinho. Vou explicar melhor. Todos nós possuímos as duas personalidades (cão e gato) que incorporamos conforme nosso interesse, entendimento ou conveniência.
Todos sabemos que o gato, sendo um felino, quando acuado reage instintivamente e se necessário nos ataca. Assim acontece conosco. Quando acuados numa situação de desconforto a tendencia é reagirmos e atacar o que nos incomoda. Isso é ruim porque nos tira a oportunidade de aproveitarmos da nova situação pois se está havendo mudanças é porque não estava bom do jeito que estava.
Quando nos depararmos com mudanças (qualquer especie) o melhor que temos a fazer é parar, analisar e apostar que é para melhor.
Pare
pense
Reflita!!!
bji♥