Artigo escrito por Vitor Peixoto, no blog da Revista CRN – 24 de fevereiro de 2014 11:23
Há mais ou menos dois anos estávamos negociando um projeto que envolvia Contabilidade e Inteligência Fiscal. O projeto era complexo e fazia com que eu visitasse a Add Mark sistematicamente.
Toda vez que ia até lá tínhamos reuniões longas e a Dona Maria, copeira da empresa, estava sempre pronta a me atender com um gostoso cafezinho. Sempre elogiei o café da Dona Maria, pois é até hoje o melhor que já tomei.
Um dia resolvi ir até o banheiro e reparei que na copa havia uma máquina de café Dolce Gusto. Rapidamente associei aquele café gostoso a máquina e pensei: quero fazer um café assim em casa também.
Depois de uma breve pesquisa de preços comprei a máquina. E junto com ela, diversos tipos de café para “caçar” o café certo. Muitas doses de café depois e nada: por mais que tentasse não ficava igual ao café da Dona Maria.
Um dia de volta a Add Mark, novamente a Dona Maria veio me servir seu café. Aproveitei a oportunidade e fiz a óbvia pergunta: “Dona Maria, comprei a máquina e não consigo deixar o café parecido com o seu. Qual o segredo?”. Ela riu e respondeu o seguinte: “Eu não uso a Dolce Gusto, quem passa esse café sou eu.”
Primeiro fiquei em silêncio. O Eduardo rindo percebeu o que estava acontecendo. Depois comecei a rir também. Quer dizer que gastei uma grana para ter aquele café e não o conseguiria? Ok. Fazer o que? Não é que a Dolce Gusto seja ruim. Pelo contrário. Gosto muito da minha máquina, quebra um galhão. Mas não é igual. Não era o que EU esperava.
Várias vezes em nossa vida somos pegos na armadilha de supor, pressupor ou sub-entender uma situação. Eu vi a máquina, vi o café e pronto: liguei uma coisa na outra. Como eu não vi COMO o café era feito pressupus errado. E isso me custou dinheiro e, de certa forma, uma frustração.
A comunicação ineficiente faz isso com as empresas todos os dias. Não é falta de comunicação. É falta de comunicação direcionada, clara, direta. E quando passamos a sub-entender coisas através de uma falha na comunicação, passamos a criar cenários ilusórios em nossa cabeça que nos levam a distorcer o real motivo pelo qual trabalharmos e o que realmente a empresa faz e o resultado esperado.
Aconselho a todos vocês, gestores ou não a refletir sobre quantos cafezinhos da Dolce Gusto vocês já tomaram na vida pensando que era o da Dona Maria e sobre como evitar que isso aconteça novamente. Na dúvida, o melhor é sempre perguntar a origem. Afinal de contas tomar uma atitude e perguntar depois pode ser caro e ineficiente…