Estamos nos aproximando do dia dos namorados de 2016. Eu disse 2016. Já era mais do que hora de termos evoluído em uma série de assuntos. Dentre eles, já era hora de pararmos de condicionar a noção de felicidade ao estado civil de alguém. Mas não. Ainda funciona assim: está namorando? Que bom! Quando sai o casamento? Espero que logo. Está solteira? Já já você encontra alguém. Se divorciou? Que pena. Já já você encontra alguém. Vai casar? Que ótimo. É o melhor que você faz.
Gente. Calma.
Essa história de dividir o mundo em dois times: Acompanhados X Desacompanhados, e de concluir automaticamente que os Acompanhados são os felizes, os sortudos, os bem resolvidos e que os Desacompanhados, pobrezinhos, são pessoas em uma situação provisória e lamentável é algo tão antigo quanto ilusório.
É só pensar em quantas pessoas nós conhecemos que estão tão, tão, tão mal acompanhadas. Quantas pessoas nós preferiríamos ver solteiras e livres do que metidas nos relacionamentos em que estão… Simples assim. Estar namorando/ casado/ vivendo junto/ completando bodas de prata, definitivamente não quer dizer que se esteja mais feliz do que solteiro/ separado/ divorciado/ viúvo.
O que me parece é que tem muita gente que não entende que não se mede a felicidade de alguém de acordo com a presença de anel no dedo, de beijocas no cinema, nem de papéis assinados. Sim, muitos são felizes acompanhados. Mas não é a mera existência de um companheiro que define se alguém tem uma vida plena. Uma vida plena tem trabalho, amigos, família, sonhos, liberdade, projetos e… Um cônjuge OU NÃO.
Está na hora da gente parar de torcer para o Fulano “achar alguém” e começar a torcer para o Fulano estar super feliz. Independentemente de namorar, casar e tal. Se aparecer alguém legal, ótimo. Se não aparecer, que ele esteja igualmente feliz.
Estar solteiro não tem nada a ver com estar sozinho. Pode-se estar cercado de amigos, cercado de paqueras, piriguetando maravilhosamente, curtindo vários freelas ou na boa, curtindo a própria companhia e o sossego de preocupar-se apenas consigo próprio. Solteirice e solidão realmente não têm nada a ver uma com a outra. Tem muito casado solitário e muito solteiro cheio de companhia.
Ô se tem.
E me preocupa ver tanta gente condicionando compromisso a felicidade porque isso é sinal de que muito relacionamento que a gente vê por aí não é baseado no prazer de estar junto, mas no medo de estar sozinho. E isso é crítico.
Nesse dia dos namorados, proponho uma reflexão, ao invés do impulso óbvio de comprar presente e reservar restaurante. Proponho pensar nesse seu companheiro, que eu espero de coração que seja fantástico. Pense no medo de perdê-lo. Esse medo está atrelado ao fato de ser uma pessoa fantástica, que te faz feliz ou ao pavor de ficar sozinho? Se não for a primeira opção, é preciso rever os caminhos.
Nesse dia dos namorados, sugiro que o tema seja felicidade e não compromisso. É bom refletir que são dois conceitos absolutamente independentes. Dia 12 pode ser um ótimo dia para vinho, para balada, para cinema, para sofá, para trabalhar. Junto com um companheiro. Junto com um amigo. Junto com você mesmo. Porque casados não são mais felizes que solteiros. Nem solteiros são mais felizes que os que namoram. Nem os que namoram são mais felizes que os enrolados.
Porque feliz é quem sabe que namoro e casamento não são os veículos da vida. São apenas companhias boas dentro do carro. E o carro é a gente quem dirige. A gente que escolhe levá-lo para um subsolo escuro ou para uma praia de mar azulzinho. Pode ser bom ter alguém para admirar a praia com você. Pode ser bom mudar a rota sem questionar ninguém. O importante é nunca deixar de pilotar, de acelerar, de ir. Sempre pode haver alguém simpático querendo carona no caminho. Sempre podemos pedir para o outro descer no sinal.
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Pessoas solteiras são, na maioria das vezes, disponíveis para amigos, trabalho e para si mesmas. Pessoas com namorados continuam disponíveis e ainda aprendem a dividir seu tempo com todos esses prazeres. Ainda não aprendi, estou com tempo sobrando, rsrsrs