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Por que os jovens estão infelizes?

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Já escrevi em outros textos neste blog sobre o estado de infelicidade que os jovens de 15 aos 35 anos estão vivendo.

Meus textos eram decorrentes de observações pessoais no dia a dia, mas nesse texto vou escrever com base numa matéria que contem algumas pesquisas que chegaram a minhas mãos.

Essa pesquisa se baseou em jovens profissionais entre os 20 e 40 anos de idade, com situação financeira intermediária entre a classe média e a classe alta, em geral com formação universitária e que seguem as ultimas tendências da moda.

Eles gostam de curtir a vida com esse estilo, mas estão infelizes, por quê?

O estudo define com clareza inicialmente o que faz uma pessoa feliz ou infeliz por uma fórmula bem simples:

Então é assim simples, quando a realidade da vida de alguém está melhor do que essa pessoa estava esperando, ela está feliz. Quando a realidade acaba sendo pior do que as expectativas, essa pessoa está infeliz.

Neste artigo que menciono vem à explicação de como tudo começou. Os pais dessa geração nasceram na década de 50 do século passado e foram criados pelos avós que nasceram entre 1901 e 1924.

A vida no inicio do século passado não era nada fácil e o objetivo maior era alcançar a sobrevivência, a estabilidade econômica e assim criaram seus filhos para construir carreiras seguras e estáveis, pois queriam que a vida de seus filhos fosse melhor do que eles próprios tiveram.

Os avós ensinaram que com muita dedicação, muitos anos de trabalho duro nada os impediriam de conseguir a tão sonhada estabilidade.

Os pais dessa nossa geração durante os anos 1970 a 1990 tiveram uma fase de rebeldia, na musica (rock, ie ie ie, etc.), nos modos de vida (hippies, vida em comunidade, etc.), aí o mundo entrou em prosperidade econômica e todos ficaram satisfeitos e otimistas.

Com uma vida melhor do que os avós, os pais se tornaram otimistas e onde céu é o limite acreditando que tudo é possível e passaram a introduzir no subconsciente de seus filhos que eles são especiais.

Criados assim, a geração atual criou para si uma expectativa que sua carreira ou sua vida pessoal tem que ir muito além da estabilidade e prosperidade sonhadas por seus pais. Querem muito mais.

Mas querem o que? O que é esse mais? Ninguém sabe. . .

Aí voltamos ao inicio do texto: quando a realidade da vida de alguém está melhor do que essa pessoa estava esperando, ela está feliz. Quando a realidade acaba sendo pior do que as expectativas, essa pessoa está infeliz.

 Então começa os questionamentos:

A geração atual é ferozmente ambiciosa. Ela precisa muito mais de sua carreira que simplesmente prosperidade e estabilidade. Quer viver o seu próprio sonho, frase que só apareceu nos últimos 20 anos. Carreira estável saiu de moda e entrou a realização profissional.  Eles como seus pais querem a prosperidade, mas querem se sentir realizados profissionalmente, coisa que seus pais nem pensavam.

O mesmo ocorre no plano pessoal. Não se procura relacionamentos que serão estáveis, mas que permitam realizar os sonhos. Como diria uma amiga que queria tanto um homem bonito: “só meu dou mal com eles”.

Eles também aprenderam que são especiais únicos. É aí que começa uma grande ilusão que vai trazer muita infelicidade.

Pensam: “todo mundo vai ter sucesso na carreira, mas como sou especial, único, vou me destacar de todos”. Só que todos pensam iguais, que são os escolhidos e ai vem a frustação, pois vai ter quer algo ainda melhor.

Essa ilusão de ter que ser especial, melhor, maior, diferente cria a infelicidade.

A maioria das pessoas não são especiais, senão a palavra ESPECIAL não faz sentido. Sei que todos que estão lendo devem estar pensando: “legal, mas eu sou desses poucos especiais” – e aí está o grande problema.

Por se acharem “especiais” acreditam que uma grande carreira é algo óbvio e natural e é só questão de tempo ao contrário das expectativas de seus pais que acreditavam que seriam muitos anos de trabalho duro que poderiam leva-los a uma carreira de sucesso.

Por conta dessa visão eles se mantêm assim antes de entrarem no mercado de trabalho, afinal o sucesso vai vir de qualquer maneira. . . e não vem.

A realidade não é bem assim. Carreiras consomem anos de determinação, perseverança, aprimoramento, trabalho duro, muitas derrotas, muito suor e muitas lágrimas. Mesmo os mais bem sucedidos em suas carreiras conseguem fazer algo importante nos seus vinte e poucos anos.

Como eles não estão dispostos a aceitar esse fato facilmente acabam ficando infelizes porque não atingem suas expectativas. Essas expectativas fora da realidade, à dificuldade de aceitar críticas, uma visão exagerada de si mesmo, expectativas não alcançadas levam a frustações consigo e com o mundo.

Por se acharem merecedoras de respeito e recompensa que não estão de acordo com suas habilidades e principalmente esforço acabam não conseguindo esses reconhecimentos.

Essa visão distorcida sobre quem são faz com que tenham expectativas muito altas, e mesmo iniciando sua carreira profissional não se conforma com o que consegue e atribui essa realidade aos outros. Esse circulo vicioso acaba novamente na equação do inicio do texto: Infelicidade = expectativas – REALIDADE

Acrescente a tudo isso que seus pais não sabiam na época como seus colegas estavam indo profissionalmente. Hoje tudo mudou a internet trás todos os dias informações de todos a toda hora, mesmo que sejam “falsas”.

As redes sociais criam um novo mundo onde ficamos sabendo o que as outras estão fazendo, geralmente versões com muito “photoshop” e melhoradas de si e suas realidades, as carreiras estão mais expostas (e os relacionamentos também). Mas geralmente que está vivendo uma situação inversa tende a não se expor e isso faz com que a infelicidade só aumente, pois parece sempre que as coisas só acontecem para os outros. Quantas vezes ouvimos: “por que ele (a) e não eu”?

Assim, mesmo que a carreira esteja indo bem eles se sentem frustrados, insatisfeitos, desapontados, INFELIZES.

Como sair desse circulo vicioso?

Primeiramente deixe de pensar que é ESPECIAL, pois não é. Ainda é tem muito a aprender, é apenas um jovem inexperiente. Mas se trabalhar duro, por bastante tempo e com foco pode vir a ser.

A ambição pode ser positiva se for para te levar para cima, te motivar, mas para isso tem que estar no eixo de sua personalidade se não a ambição te leva à depressão. Escolha algo que goste de fazer e foque com todas suas forças.

Pare de pensar nos outros e foque em você.

Entenda que esse mundo colorido que os outros estão te apresentando nas redes sociais na maioria das vezes são falsos. Acredite, a maioria delas estão tão indecisas e infelizes como você, então o que achas de sair na frente de todos? Deixe-os com inveja da sua FELICIDADE.

Se fizer um exercício substituindo a vida profissional pela vida pessoal, pelos relacionamentos, vai ver que acontece a mesma coisa. Pare de querer o que não existe e seja FELIZ.

 

 

Não há nem felicidade nem infelicidade neste mundo, há apenas a comparação de um estado com outro. Apenas um homem que se sentiu o desespero final é capaz de sentir a felicidade suprema. É necessário ter desejado a morte a fim de saber como é bom viver. A soma de toda a sabedoria humana será contida nestas duas palavras: esperar e ter esperança. Alexandre Dumas.

Eduardo Augusto dos Santos

Paulistano do bairro da Indepedência (Ipiranga-São Paulo), que apesar de manter fortes vínculos com suas origens e convicções sempre foi um apaixonado pelas mudanças como forma de evoluir e crescer como ser humano, daí HORA DE MUDAR.

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