Já tenho falado neste blog de nossas dificuldades (brasileiros) atuais de nos adaptarmos as novas condições e oportunidades que estão se apresentando neste novo Brasil
Ao ler o artigo abaixo do Marco Aurélio Militelli, Consultor Empresarial, resolvi compartilhar com todos para que reflitam sobre essa realidade que ainda está aos nossos pés, mas que logo, logo vai estar chegando a nossas bocas, narizes e vai nos afogar se nada fizermos.
É HORA DE MUDAR de comportamento e enfrentar essa realidade e transformarmos essa ameaça em oportunidades.
O texto pode parecer grande, mas trás uma visão ampla e conceitual que é muito importante que todos se concietizem deste momento especial (para o bem e para o mal).
Boa leitura.
Século XXI – Brasil Colônia?
Entre os séculos XVI e XVII o Brasil era regido pelas leis de Portugal, visto que éramos uma colônia à época, ou colônia do Império Ultramarino Português.
Nessa época nossa economia se fundamentava na venda de minerais extraídos de nossos solos e de produtos agrícolas. Nossa produção era vendida para a Europa principalmente. Como colônia éramos proibidos de produzir qualquer produto manufaturado que viesse a concorrer com produtos manufaturados na Inglaterra, devido a um acordo comercial/político feito à época. Em troca de proteção dos Ingleses ante às possibilidades de invasão e pilhagem de outros países, os portos Portugueses e de suas colônias foram abertos para os produtos industrializados Ingleses. O Brasil exportava produtos primários e importava os produtos beneficiados pelas indústrias Inglesas.
Estamos no século XXI. Muitas coisas aconteceram desde então com nosso querido país, entre elas a declaração de independência de Portugal. Fomos considerados (talvez ainda sejamos) o celeiro do mundo, pela potencialidade de produção de alimentos e de nossos recursos naturais. Nossa agricultura se desenvolveu muito, assim como nossas indústrias e muitas outras coisas. Hoje o Brasil é considerado de grande relevância no cenário econômico internacional a ponto de ser classificado entre as principais economias do mundo.
Nossa pauta de exportações está baseada em produtos diversos. Os principais produtos exportados são minério de ferro, petróleo bruto, soja, carne, açúcar e café, ou seja, produtos agrícolas e provenientes de extração mineral (hoje chamamos de commodities). Isso não seria um problema se ao mesmo tempo a indústria de transformação nacional estivesse se desenvolvendo, pelo menos no ritmo de crescimento de nossa economia, para atender a demanda interna de consumo através de sua produção própria. O que estamos testemunhando atualmente não é isso.
Apesar de a economia brasileira apresentar crescimento frente a uma recente desaceleração de outros países, do consumo das famílias brasileiras estar crescendo e de haver uma ascensão do consumo de pessoas menos privilegiadas economicamente, grande parte de produtos manufaturados, inclusive os de consumo, são importados, visto que as indústrias brasileiras não têm condição de competir com o preço de seus concorrentes importados, quer seja por condições estruturais brasileiras, tributárias, financeiras ou cambiais.
Um cliente de meu escritório, industrial, fez uma pesquisa de preços de produtos similares aos que produz aqui no Brasil junto a fornecedores internacionais de países diversos. Alguns produtos de sua indústria que apresentam margem bruta negativa de custo para produção, ou seja, dão prejuízo para serem produzidos, podem ser importados por preços até 70% mais baixos que os dele. Colocados aqui no Brasil. Com todos os impostos pagos. E como ele vários outros se encontram na mesma situação. A questão, portanto, não se restringe à taxa de juros e câmbio apreciados, o problema é estrutural advindo de um posicionamento estratégico do Brasil com prevalência do foco exclusivamente político em detrimento à sustentabilidade de longo prazo do país como nação dentro de um contexto mundial de acirrada competição de mercado.
Os principais frutos de nossa exportação atualmente são advindos de uma estratégia governamental de muitos anos atrás, em que se investiu pesado em tecnologia agrícola e se pretendeu eliminar a dependência de produtos fundamentais importados. Qual seria a estratégia de nosso governo atualmente? Seria a ascensão de classes menos favorecidas e a partir daí fomento do consumo das famílias? OU isso deveria ser uma consequência de ações diversas voltadas para o crescimento do país como um todo?
A consequência dessa postura, como já estamos vivenciando, é o retrocesso do país em alguns séculos no que diz respeito a fatores chave para manutenção de nossa independência e produção nacional. Como se diz no jargão popular de mercado, não existe almoço grátis, a conta vai chegar. Quem vai pagar seremos nós os brasileiros.
O que vejo atualmente é a prevalência de decisões somente voltadas para resultados de curto prazo. Esse movimento do curto prazo protela investimentos fundamentais para a sustentabilidade empresarial, maximiza o fluxo de caixa nas empresas e dessa maneira privilegia os altos executivos. Esse mesmo movimento em países privilegia seus dirigentes. Há que haver ações visando sustentabilidade futura em prol da produção nacional. Mudança de posicionamento estratégico exige coragem, determinação e visão de longo prazo, pois os frutos de estratégia bem posicionada são colhidos muito tempo após serem plantados. Vimos plantando vento nos últimos anos e as primeiras safras não estão boas para a indústria de transformação nacional.
Nesse meio tempo empresários do setor industrial, que ainda estão à frente de suas empresas, se veem obrigados, por conta de sua sobrevivência, a substituírem a atividade de produção para ingressar no setor de representação e distribuição de produtos internacionais, em sua maioria de origem asiática. Bem vindos ao Brasil do século XXI.
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